quinta-feira, 7 de julho de 2011

A Partida .


Talvez, um dos maiores mistérios da vida seja a partida. Não se sabe como e quando ela acontece. É assim de repente, sem abraços, nem despedidas. Sem últimas palavras.
Tão claro como se sabe sobre a partida, ninguém a entende. E tão certo como se sabe, a dor de quem fica a gente jamais supera. A gente tenta é se acostumar, mas às penas é que a gente não se acostuma.
Às vezes parece quem partiu fui eu e quem ficou foi você.
Você esta mais presente do que quando estava aqui. Seus gostos, seu jeito, seu cheiro, sua voz... Sua risada...
Você esta em toda parte.
Estou com a mania de organizar as coisas, tenho vontade de cachorro quente, tomo um pouco de coca-cola sem gás.
Já me vi pedindo hot roll pra dois ou duas entradas pro cinema. Já me peguei descendo na estação República. Sem querer, já te incluí em conversa, falando de você como se ainda estivesse aqui.
Às vezes eu me esqueço que se foi... Às vezes eu só quero me lembrar de ti...
Eu não sei se você volta... Mas parece que não volta mais... mesmo tendo ido a parte nenhuma.
No que sei e que não sei, eu não entendo. É como se não fosse verdade. Dói...
Ninguém vê... É meio-dia e espero o celular tocar. Falo sozinho que "estou cheio" esperando você me corrigir. Durmo com a almofada e deixo o travesseiro do lado, junto com seu espaço na cama... Eu durmo assim...
Eu durmo na esperança de te encontrar. Eu acordo desejando que esteja aqui. E acordo querendo acordar de tudo isso...
Você não volta mais... E na procura de conforto, penso que você esta mais feliz assim. Dizem que quem parte sempre vai pra um lugar melhor. E sei que você jamais teria ido se não fosse pra valer a pena.
Se existe alguma paz é saber que nunca deixei de expressar, nem escrever, nem dizer um só dia. As palavras escapavam da minha boca como aquela vez na escada... O que eu não sabia era que estava sendo tão modesto, era muito mais do que eu pensava.
Mesmo assim ainda tinha tanto... Tanto pra dizer, pra fazer, pra viver...
Tive diálogos imaginários. Falei com você, te contei alguma coisa do meu dia. Eu briguei com você, gritei com você, te culpei, queria o brilho dos meus olhos de volta. Eu chorei... E perguntei - mais uma vez - Por que você foi embora? Uma, duas, várias vezes...
Minha voz ecoou no grande vazio que você deixou... Foi então o silêncio. Um silêncio denso como o violoncelo, doce e triste como as notas de um piano...
Eu não sei se você volta... Mas parece que não volta mais...
É hora de juntar meu silêncio ao seu...
Eu não vou poder partir, mesmo indo por toda parte, não vou a lugar algum... Eu não tenho pra onde ir... Eu vou seguir levando comigo as bagagens da vida.
É chegada a hora de deixar você ir, mesmo que já tenha partido.
Trouxe flores... Não como clichê da partida, mas porque sempre quis te dar, você sabe. Eu esperava era um dia. Um dia que agora não vai mais chegar. São as flores mais bonitas da minha primavera, as últimas já que agora o inverno começa... A vida não pára...
Trouxe flores não pra dizer "adeus" porque isso eu não sei dizer, mas pra te agradecer por cada dia, pela chance... Foram 3 anos para ela chegar. "Taking Chances"... Eu nunca vou esquecer... "Like lovers do".